Mulheres
Chapada dos Guimarães - MT
Envenenada
Esse é um ensaio-manifesto pra denunciar a morte gradativa e cruel do Brasil pelo avanço do agronegócio.
"Nós alimentamos o mundo", eles dizem... mas o agronegócio não produz comida, produz commoddities voltados à exportação.
No país do agropop, enquanto os grandes produtores bateram o recorde de faturamento (12,11 bilhões só em junho), mais de 19 milhões de brasileiros passam fome. Seguimos na lógica colonial que mantém o Brasil dependente da Europa que é nosso principal consumidor de commodities agrícolas e minerais.
Só em 2020 foram aprovados 493 novos agrotóxicos. Somos o país que mais consome veneno! E segue aumentando...
A devastação causada pelos incêndios florestais literalmente comeu nosso cerrado e pantanal, e o que vemos sobrar da nossa amada Chapada dos Guimarães é uma ilha, em meio ao mar de monocultura.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a atividade agropecuária é responsável por 72% de toda água consumida no Brasil, pela irrigações. Para produzir 1 kg de carne de boi, são utilizados 15,4 mil litros de água. No meio agrícola, a soja é uma das campeãs, com 1,8 mil litro para cada quilo produzido.
O que vemos com nossos olhos são as nascentes, rios, cachoeiras secarem, a terra se tornar improdutiva, os animais morrerem, e o mar de soja avançar mais e mais.
Estamos ENVENENADES!
Entorpecides.
Negar isso é dar oi pra morte, e convidá-la pra deitar na nossa cama.
O agro avança, estupra e mata o planeta e a população. O PIB cresce, e as florestas choram.
E nessa lógica capitalista colonial, vamos destruindo tudo.
O corpo gordo, nu, afrontoso e político como representatividade do que morre pelo sistema. E a imensidão de destruição. O lugar que ninguém pode estar. A posse dessa terra.
Estamos morrendo!
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Esse ensaio surgiu enquanto íamos pra uma cachoeira, e ao passar por essa plantação e ver como Chapada dos Guimarães é uma ilha em meio à monocultura, falei pra Malu: precisamos fazer um ensaio manifesto aqui!
Acordamos de madrugada, pra pegar o sol nascendo e não correr o risco de nos pegarem lá... foi rápido e tenso! Mas as imagens são fortes e potentes como sempre.
Ao postar essa foto nas redes sociais começamos a sofrer ataques. Comentários gordofóbicos, ameaças de morte e gente do Brasil inteiro compartilhando e recebendo essas fotos. A gente sentiu na pele o que é criticar o agronegócio estando na terra do agronegócio.
Mas nada nos faz desistir...
Uma dessas fotos foi premiada na Bienal Black Brazil Art, e também participamos de uma exposição na Bienal de Arte de Cerveira em Portugal.
Tentaram nos calar, mas atravessamos o oceano pra levar esse debate sobre gordofobia e meio ambiente!
Não vamos parar!